27/04/2018

Pastoral Domingo 29/04/2018


“Uma Sobe Puxa a Outra!”
Mulheres: Espiritualidade – Sororidade - Resistência

“Uma Sobe Puxa a Outra!” é um dos lemas da Marcha Mundial de Mulheres Negras. O lema remete à uma atitude política de resistência na qual as mulheres se reconhecem como semelhantes apesar das diferenças.  Somos todas mulheres, independente da cor, classe econômica, opção sexual, gerações e etc.  Na condição de mulheres enfrentamos um mesmo inimigo comum: A cultura machista e patriarcal que insiste na desigualdade entre homens e mulheres que diminui e subjuga o papel da mulher negando a sua plena dignidade como semelhança de Deus. É mais fácil resistir e vencer este inimigo permanecendo unidas e irmanadas que divididas!
A inimizade e rivalidade entre mulheres é um dos mecanismos da cultura patriarcal que usa as próprias mulheres para prejudicar umas às outras criando hierarquias e categorias que separam e rivalizam, enfraquecendo assim nossas resistências. Alguns textos bíblicos por vezes corroboram com essa cultura da inimizade patriarcal quando reforçam modelos narrativos de oposição: Sara x Hagar, Raquel x Lia, Eva x Maria, A Mulher Sábia x A Mulher Tola, A Mulher Sensata x A Mulher Insensata.
Como desconstruir e resistir a essa cultura da inimizade patriarcal produzida e reproduzida entre nós mulheres?
A própria Bíblia nos indica algum caminho de resistência: A aliança entre mulheres! A conhecida história de Rute e Noemi, sogra e nora, mulher judia e mulher estrangeira, mulher jovem e mulher idosa que juntas resistem a um sistema injusto que prejudicava a vida e a sobrevivência delas e das mulheres do seu tempo. A aliança entre Rute e Noemi é um símbolo bíblico da potência que existe na aliança entre mulheres:  Rute, porém, respondeu: “Não insistas comigo que te deixe e que não mais te acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus! - Rute 1:16.
Um dos nomes dado a esta aliança espiritual, política e de resistência entre mulheres é Sororidade!  A palavra sororidade não existe na língua portuguesa, entretanto, uma palavra muito semelhante, fraternidade, pode ser encontrada em qualquer dicionário descrita como: Solidariedade de irmãos, harmonia entre os homens. Ambas as palavras vêm do latim, sendo sóror irmãs e frater irmãos. Mas, na nossa linguagem usual, ficamos apenas com a versão masculina do termo, afinal de contas, a sociedade patriarcal nos ensina que relações harmoniosas somente são possíveis de se concretizarem entre homens.
Sororidade, então pode ser definida como uma aliança espiritual e política entre mulheres. É um principio de relação entre todas as mulheres que permite derrubar os muros patriarcais da inimizade e rivalidade. Sororidade torna-se então uma espiritualidade de resistência feminista. Uma espiritualidade que afirma o valor da dignidade de todas as mulheres criando redes de apoio, afinal, não teríamos sobrevivido em condições tão opressivas se não tivéssemos contado com apoios vitais umas das outras. O que seria de nós mulheres sem nossas ancestrais da Bíblia e da vida? O que seria de nós sem nossas mães, filhas, avós? O que seria de nós sem nossas companheiras e amigas?
O Acampamento de Mulheres IBP é um espaço de vivência sororal onde vamos Mulherar! Celebrar o ser Mulher. No Acampamento todas nós, de todas as cores, idades e identidades nos reconhecemos simplesmente como MULHERES, rompendo com todas as separações e nos tornamos uma só, na fé e na comunhão do Espírito que criou e nos concedeu a dádiva de ser mulher. Portanto, vamos MULHERAR!

Da mulher Odja Barros




20/04/2018

Pastoral Domingo 22/04/2018


Carta aos “Barnabés” (Homens da IBP) - Filipenses 1:3-6

                Gostaria de tomar as palavras do apóstolo Paulo aos Filipenses para saudá-los e agradecer ao Senhor por suas vidas, e dizer-lhes que creio de todo coração que Aquele (Deus) que começou a boa obra em vossas vidas, irá completá-la até o dia de Cristo Jesus (Fp. 1:6).
                A razão desta é convidá-los para somarmos nossas poucas forças em prol de fortalecer o projeto de Deus em que todos nós estamos mergulhados e envolvidos, diretamente ou indiretamente, chamado Igreja Batista do Pinheiro. Quero convidar a cada um em especial, independente da sua idade, condição social, intelectual e econômica. Todos, sem nenhuma exceção, são importantes neste projeto. Desta forma convido:
1.       Para testemunhar deste Evangelho libertador do Senhor Jesus, livre de amarras e condicionamentos culturais. Evangelho que contempla o homem todo na sua peculiaridade e singularidade. Você acredita que anunciamos uma perspectiva de libertação através das palavras de Jesus que se faz necessária em nossa cidade? Caso afirmativo, fale deste evangelho para outros homens que estão na sua roda de relacionamentos;
2.       Para colaborar nos projetos internos da IBP que vão desde as atividades diárias da igreja com suas múltiplas áreas de atuação (Escola Bíblica, Cultos de Oração, Pastoral da Negritude, Abapi, Jubapi, Ministério Infantil e de Música), até nossas missões (congregações), Banho Solidário e etc.;
3.       Para procurar ser exemplo de que é possível ser Homem sem necessariamente precisar ser machista, sexista, homofóbico, racista e/ou fascista;
4.       Para se dispor a colocar sua profissão, inteligência, habilidades pessoais, recursos financeiros, artísticos, culturais e tudo mais que Deus lhe abençoou ao criá-lo, visando o fortalecimento da sua igreja local;
5.       Para apoiar incondicionalmente o processo de emancipação e empoderamento das nossas mulheres (esposas, filhas, mães, tias, primas, amigas e etc.), em nosso caso específico, através do Ministério Flor de Manacá, pois, mulheres e homens unidos em torno da fé em Jesus Cristo de Nazaré, tendo como meta uma vida de paz, justiça, amor e dignidade para todos e todas, fará com que nossa sociedade e igreja seja por demais beneficiada e abençoada.
Desta forma concluo estas breves palavras fazendo dois últimos e objetivos convites:
1.       No próximo final de semana, acontecerá o Acampamento das Mulheres IBP (“Flores de Manacá”) na Barra de São Miguel. Apoie e incentive sua companheira a participar lhe dando segurança e certeza de que você será uma bênção enquanto ela estiver descansando e se alimentando da palavra de Deus;
2.       Venha participar conosco no próximo sábado pela manhã (9h da manhã) do mutirão para limpeza e arrumação do telhado do salão do terreno da nossa igreja. Almoçaremos juntos. Traga seus pequeninos para brincar e ficar conosco neste período.
No mais, desejo paz e graça sobre suas vidas, forças e união para todos nós com o objetivo de diariamente conseguirmos vencer todos os males que tentam nos afastar do nosso Deus e de nós mesmos.

Do seus pastor e amigo,
Wellington Santos




               

14/04/2018

Pastoral Domingo 15/04/2018


Religião x Evangelho
Uma rápida reflexão a partir do livro Cristo e Cultura de Richard Niebhur, págs. 16 e 17

Em tempos de tanta confusão e discursos em nome de Deus, da família, igreja, religião e evangelho; sugiro a leitura e reflexão das palavras abaixo descritas e retiradas do livro Cristo e Cultura de H. Richard Niebhur, lançado no Brasil em 1967 pela editora Paz e Terra.
51 anos depois, as palavras introdutórias do livro parecem ter sido escritas na semana passada, refletindo o majoritário cenário religioso brasileiro atual. A quem interessa que a religião, e em especial o Evangelho, seja transformado em "canga" e instrumento de dominação, e diria mais, instrumento de alienação. Dentre as palavras abaixo, tem uma frase que muito falou ao meu coração: "A fé é a semente fértil...é o futuro...A fé é o desapego dos que aguardam a madrugada e não perdem tempo olhando para trás". Que possamos ser portadores e testemunhas do Evangelho e nunca queiramos ser "defensores".
Boa leitura e reflexão.
Do seu pastor e amigo
Wellington Santos.

“Sofrendo o impacto do trabalho revolucionário de Marx, Kal Barth, o conhecido e influente teólogo suíço, afirma que religião é mesmo a mais alta expressão do pecado humano. Paul Tillich, teólogo alemão refugiado de Hitler nos Estados Unidos, afirma que Jesus veio ao mundo para provar que a religião não compensa e que o evangelho significa exatamente a libertação da canga da religião da lei e da lei da religião. Estas afirmações ilustram certamente a necessidade de ganharmos maior precisão nos termos que usamos corretamente nessa área.
É necessário distinguir religião, canga e instrumento de dominação, de evangelho – mensagem de libertação dos cativos; distinguir entre fé, resposta positiva ao ato de libertação, e cultura – meio através do qual ela se deve expressar. É necessário superar definitivamente conceitos como o de uma “fé religiosa”, pois fé e religião são inconciliáveis. Uma só pode subsistir com o sufocamento da outra. A fé é a semente fértil. A religião é a semente esterilizada que pode servir para comer ou para o comércio. A fé é o futuro. A religião é o apego ao passado, à insegurança, ao statu quo, muitas vezes feita em nome do futuro, e quase sempre feita em benefício dos comerciantes. A fé é o desapego dos que aguardam a madrugada e não perdem tempo olhando para trás. A fé é a loucura, a audácia. A religião é a prudência, o instinto de conservação.
A grande traição da Igreja como instituição consiste em que, ao invés de constituir-se portadora e testemunha do evangelho, ela se apresentou como “defensora” do evangelho. Isto na prática se refletiu num esforço de domesticar o Evangelho, a serviço de determinada cultura e dos seus interesses arraigados. Como resultado, ao invés de seguir o caminho da fé, a igreja se colocou na defesa dos privilégios que lhe garantiam a segurança, na santificação do status quo, e a religião resultante dessa traição tornou-se a principal sustentação da ideologia das classes dominantes, da luta pela santificação dos objetos”.





07/04/2018

Pastoral Domingo 08/04/2018

Mataram o pastor Martin Luther King. Há 50 anos.
Pr. Clemir Fernandes

A tarde chegara e o descanso era necessário para um novo dia de luta, com encontros, reflexões, mobilizações por justiça e paz. Ele, que vinha de uma longa-curta-intensa caminhada por liberdade e outros direitos nos últimos 15 anos - com muita gente e de todas as cores - avançava com sabedoria e ousadia por um país mais justo e um mundo mais digno para todos.
Ele saiu do púlpito e foi para as ruas, pois as paredes e limites de sua igreja já não comportavam as multidões carentes de uma mensagem real de liberdade-vida, um outro nome para o Evangelho da justiça.
Mas aquele foi o último dia. As mãos dos artífices do ódio e da morte estavam prontas para agir. Ele chegava ao hotel, em Memphis, para jantar. Fora à cidade dar apoio à greve dos garis, negros em sua ampla maioria. Na sacada um tiro de ódio, de muita gente, matou seu corpo.
Mas não silenciou sua voz, nem arrefeceu sua luta.
Martin Luther King Jr, PRESENTE!
Pastor de esperanças. Pastor de justiça. Pastor da paz. Pastor da liberdade. Pastor dos direitos. Pastor do amor. Pastor do Evangelho!
Martin Luther King, Prêmio Nobel da paz!
Martin Luther King, pastor batista, discípulo de Cristo.
No dia anterior à sua morte, em seu sermão numa igreja do Tennessee, ele falou:
"Eu não sei o que vai acontecer. Mas isso realmente não importa para mim agora, porque eu estive no topo da montanha. E eu não me importo.
Como qualquer um, eu gostaria de viver uma longa vida. Mas eu não estou preocupado com isso agora. Eu só quero fazer a vontade de Deus. E Ele me permitiu subir até a montanha. E eu olhei e vi a terra prometida. Talvez não chegue até lá com vocês, mas quero que saibam que nós, como um povo, chegaremos à terra prometida."
Bem que ele poderia estar entre nós agora, com 89 anos, caminhando conosco em muitas outras lutas pacíficas contra o racismo, a violência, a desigualdade, as injustiças.
Pastor M. L. King concluiu seu sermão: "E eu estou tão feliz esta noite.
Não estou preocupado com nada. Não estou temendo nenhum homem.
Meus olhos viram a glória da vinda do Senhor".
Precisa-se hoje, muito, de pastores e pastoras assim!