Ao Médico Luiz Ferreira que dedicou sua vida a abrir a porta para fora...
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês”. Mateus 5:10-12
Estas palavras foram retiradas do final do discurso mais famoso do Senhor Jesus de Nazaré, conhecido como o Sermão da Montanha. Nele o Senhor Jesus nos desafia numa busca pela felicidade totalmente diferente de tudo que estamos acostumados. Bem-aventurados ou felizes no sermão da montanha não são os ricos e sim os pobres. Os que choram, os humildes, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores, os que são perseguidos por causa da justiça e os insultados pelas mesmas causas que fizeram arder o coração do Senhor Jesus, são os que, na visão de Jesus alcançariam a verdadeira felicidade.
O compositor evangélico Jorge Camargo junto com Ricardo Gouvêa fizeram uma música cujo título é “Felicidade”. Ele afirma que a inspiração surgiu a partir da frase de Søren Kierkegaard (1813-1855), filósofo e teólogo dinamarquês: “A porta da felicidade abre só para o exterior; quem a força em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais”. Muitos têm tentado na sua vida mesquinha abrir a porta da felicidade para dentro, crendo na sua forma pequena de enxergar a vida que tudo deve ser somente para ele e mais ninguém. Chegam a tramar a morte daqueles e daquelas que lutam e acreditam que a felicidade deve ser oportunizada para todos e todas indistintamente. Assim de quando em quando em nossa triste e efêmera história de vida, homens e mulheres que acreditam que a porta da felicidade deve sempre ser aberta para fora, acabam pagando um alto preço com suas próprias vidas e sangue inocente.
Temos como exemplo maior nosso Mestre e Senhor Jesus de Nazaré que foi trucidado numa cruz de forma violenta sem nunca ter cometido mal algum a não ser lutar para manter a porta de vida, da justiça e da felicidade aberta para todos e todas. Seguindo no rastro do Senhor Jesus tivemos numa rápida citação: Dom Oscar Romero, Pr. Martin Luther King Jr., JF Kennedy, Gandhi, Frank País, Chico Mendes, Dorothy Stang, Jaelson e agora o médico Luiz Ferreira que cuidava de pessoas pobres e abandonadas no município de Anadia e que recebia como pagamento um sorriso e às vezes um capão como forma de agradecimento.
O que fazer diante de tanta violência por parte daqueles e daquelas que querem manter a porta da felicidade fechada e ou aberta apenas para os seus? 12 tiros num ser humano não são apenas para matar e sim para tentar calar e amedrontar outros e outras que acreditam que esta porta precisa ser aberta a todo custo para fora. Gosto da ideia do MST em Alagoas, quando relembrando o assassinato do jovem Jaelson em Atalaia, gritam unidos que ele não morreu. O sangue do inocente não pode ficar em vão. Da mesma forma que em nossos corações, pela fé, cremos que o Senhor Jesus venceu a morte pela ressurreição, não podemos deixar que o sangue de tanta gente boa tenha sido derramado em vão.
Concluo estas rápidas palavras em homenagem a mais um guerreiro alagoano que dedicou sua vida para abrir a porta da felicidade para fora, sendo tombado no último dia 03 de setembro de forma covarde, conclamando a todos e todas que não nos acovardemos nem deixemos que o sangue de Luiz Ferreira tenha sido em vão. Destaco abaixo a letra completa da música de Jorge Camargo, com o objetivo de aplacar nossa dor e alimentar nossa esperança em busca da justiça e de uma vida mais digna para todos e todas:
A felicidade é uma porta
Que sempre se abre pra fora
Quem forçá-la para dentro
Ordena que o amor vá embora
Que sempre se abre pra fora
Quem forçá-la para dentro
Ordena que o amor vá embora
A felicidade é uma porta
São poucos os que se arvoram
A mantê-la escancarada
Como vão de abrigo aos que choram
São poucos os que se arvoram
A mantê-la escancarada
Como vão de abrigo aos que choram
A felicidade é uma porta
É passagem, é caminho
É meio e não é fim
Roga o bem do seu vizinho
Nunca quer só pra si
É meio e não é fim
Roga o bem do seu vizinho
Nunca quer só pra si
A felicidade é uma porta
E abri-la é escolha sua
Quem se fecha não se arrisca
Mas a alegria está na rua
E abri-la é escolha sua
Quem se fecha não se arrisca
Mas a alegria está na rua
Maceió, 06 de setembro de 2011
Pr. Wellington Santos