Pr. Paulo Nascimento
No fim da tarde da última quarta-feira (27/06), os Batistas alagoanos receberam a visita do Pr. Raimundo César Barreto Jr., atual diretor da Divisão de Liberdade e Justiça da Aliança Batista Mundial (ABM). A ABM é uma entidade que congrega cerca de 41 milhões de crentes batistas, espalhados por mais de 220 convenções em todo o mundo. A Divisão de Liberdade e Justiça, criada há dois anos, tem como objetivo a mediação de conflitos, na esfera política, especialmente ligados à questão dos entraves envolvendo a liberdade religiosa. Raimundo Barreto é baiano, bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (Recife-PE), e doutor em Teologia com especialidade em Ética Social pelo Seminário Teológico de Princeton, em Nova Jersey (EUA). Atualmente vive em Washington DC (EUA). É casado e pai de três filhos.
O encontro aconteceu no templo da Igreja Batista do Pinheiro, e contou com a presença de algumas das principais lideranças dos Batistas alagoanos, e com cerca de 50 pessoas entre pastores e membros de igrejas batistas em nosso estado. A Igreja Batista do Pinheiro ofereceu um jantar regional aos presentes, e à noite houve a Celebração da Ceia do Senhor, dirigida pelas Pastoras Odja Barros e Marinilza. O Pr. Raimundo Barreto encontra-se no Brasil por ocasião do Rio + 20, ocorrido na última semana no Rio de Janeiro. Nesta oportunidade, o diretor da Divisão de Liberdade e Justiça da ABM visitou ainda as cidades de Recife e Maceió, e segue para o Chile, para cumprir agenda junto a grupos batistas naquele país.
Em sua preleção da tarde, o Pr. Raimundo Barreto apresentou uma visão panorâmica do trabalho da ABM, assim como do setor sob sua responsabilidade. Entremeada de imagens exibidas em slides, sua fala consistiu em apresentar a difícil realidade que o trabalho batista enfrenta em alguns países, sobretudo no sul da Ásia, como o Uzbequistão, as Filipinas e Myanmar (Birmânia). Esses países se caracterizam por legislações que restringem a liberdade religiosa, o que resulta, em muitas oportunidades, em perseguição política a pessoas e a igrejas. Segundo o Pr. Raimundo Barreto, a clandestinidade tem sido uma opção corajosa entre aqueles decidiram não temer o clima de hostilidade religiosa no qual se encontram. Em sua preleção foram apresentados muitos casos pessoais de resistência feitas em nome da pregação do Evangelho a situações de opressão política.
O Pr. Raimundo Barreto fez questão fundamentar o trabalho realizado pela ABM e pela Divisão de Liberdade e Justiça numa longa tradição de luta pela liberdade de consciência que caracteriza os batistas historicamente. Dessa forma, em sua fala dialogou com o legado de Thomas Helwys, primeiro pastor batista ordenado na Inglaterra no início do século XVII, e refugiado na Holanda em função da perseguição religiosa enfrentada em seu país. Para o Pr. Raimundo Barreto, o legado de Thomas Helwys nos convida a não esquecer que os batistas já foram uma minoria perseguida, e que nenhum crescimento denominacional deve ser motivo para restringir a liberdade de consciência de grupos que hoje são minoritários. Ao final da preleção, houve um momento para a participação do auditório, em que algumas questões foram aprofundadas.
Em sua preleção do culto da noite, o Pr. Raimundo Barreto partiu da passagem de Efésios 6,10-20, e exortava a todos a não fazer apenas uma leitura meramente intimista e espiritualista da passagem. Em sua visão, o texto de Paulo nos convida a relacionar nosso chamado pessoal às lutas mais amplas de nosso tempo. Para o preletor, é preciso entender que nossa luta não deve ser contra indivíduos (“carne e sangue”), mas contra sistemas de dominação (“dominadores deste mundo”), que buscam perpetuar a presença do mal no mundo. É função dos cristãos se engajarem nas lutas contra todas as formas de maldade humana, sem negligenciarem sua dependência de Deus, em vez que nenhuma estratégia meramente humana foi capaz de minimizar a maldade no mundo.
A noite foi encerrada com a celebração da Ceia do Senhor, dirigida pelas Pastoras Odja Barros e Marinilza, tendo como auxiliares cinco adolescentes pertencentes à congregação da Igreja Batista do Pinheiro no Alto da Madeira, na cidade de Jacaré dos Homens-AL.