Do seu pastor e amigo,
Wellington Santos
No início da semana participei do I Congresso de Teologia e Ciências da Religião promovido pela Faculdade Unida na cidade de Vitória-ES. Em uma das palestras proferidas pelo Dr. Raimundo Barreto, ele começou sua fala citando uma frase do Arcebispo Anglicano Sul Africano Desmond Tutu: “A religião é como uma faca, tanto pode ser usada para matar quanto para cortar o pão que alimenta o pobre”. Confesso quer esta frase alcançou minha mente e coração.
Fiquei pensando o quanto de fato a religião tem sido usada como faca que fere e promove morte. Lamentavelmente, se olharmos para história veremos que uma das nuances tristes da religião muitas vezes é acabar promovendo desintegração e consequentemente morte do espírito de unidade que deve nos mover no mundo. Isto não é algo dos dias atuais, digo com tristeza: A morte sempre esteve presente nos discursos odiosos que demonizam e transformam em inimigos todos os demais que pensam e ousam crê de forma diferente.
Em contraposição a tristeza que a religião pode promover quando é usada como faca que fere e pode matar. O arcebispo anglicano Desmond Tutu, nos deixa um flerte de esperança quando afirma que esta mesma “faca” ou religião, também pode ser usada para partir o pão que alimenta o pobre. Creio que esta tem sido nossa opção como igreja: “Escolher usar a religião para partir o pão e alimentar os famintos em todas as suas ‘fomes’”. Claro que a face mais publica da religião acaba sendo a face da morte, da intolerância e do preconceito. Nós como comunidade de fé, enraizados em terras alagoanas, temos nos esforçado para tornar conhecida uma outra face pública da religião que é exatamente a que alimenta e partilha a vida carregada de amor, justiça e paz para todos e todas. Neste viés em que a religião é apresentada como “faca” que é usada para partilhar o pão e consequentemente alimentar é que encontramos o lugar da festa e da alegria.
Na próxima sexta-feira, dia 21 de junho, nós estaremos como comunidade de fé, junto com nossos familiares e amigos, abrindo nossas festividades juninas. Nossa festa apesar de se encontrar dentro do calendário religioso católico, não traz este apelo em si. Nosso foco é incentivar a preservação da nossa cultura nordestina, estimular a comunhão, celebrar a vida e promover uma festa saudável onde a brincadeira e a alegria sobrepujem a violência, embriaguez, prostituição e consequentemente a destruição da vida.
Nosso mestre e salvador Jesus de Nazaré iniciou seu ministério nas narrativas joaninas em uma festa de casamento em Caná da Galiléia (João 2:1-11). Aproveito esta inspiração divina para convidar todos e todas, junto com seus amigos e familiares, para celebrarmos a vida nestes dois dias de festa (Dia 21/06 das 19 às 21h e Dia 22/06 das 16h às 23h) em nosso arraiá da IBP.
Que a religião em nosso púlpito, casas, locais de trabalho, escolas enfim nas mãos de todos e todas que fazem esta complexa família religiosa conhecida como Igreja Batista do Pinheiro, nunca venha ser usada como “faca” que fere e promove a morte e sim, por uma questão de escolha e de opção de fé, possa ser usada para compartilhar o pão, a festa e a alegria.