“Ainda somos os mesmos e viveremos como nossos pais”
“Jovens escrevo a vocês porque sois fortes e tem
vencido o maligno”
“Filhinhos, eu
lhes escrevi porque vocês conhecem o Pai. Pais, eu lhes escrevi porque vocês
conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu lhes escrevi, porque vocês
são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece e vocês venceram o Maligno”.
A primeira carta
de João no capítulo 2:14 é muito conhecido por ser uma exortação aos jovens,
mas observemos que João inclui a comunidade e a família em co-responsabilidade
com os jovens. Na linguagem joanina “os filhinhos” representam toda comunidade,
“os pais” representa a geração de pais e mães, líderes na fé e “os jovens” são
a nova geração responsável por permanecer e levar adiante o testemunho de Jesus.
Apesar da
linguagem, dado a cultura da época, ser androcêntrica, a palavra de João é uma
palavra que não isola o compromisso da juventude da responsabilidade dos pais e
da comunidade. Ou seja, João sugere uma conexão geracional na construção do
testemunho da fé e da resistência ao mal.
A Palavra trazida
aos jovens de acordo com texto grego está no presente contínuo: “Escrevi a vós
jovens, porque fortes sois e a palavra de Deus em vós permanece e tens vencido o
maligno”. Está vencendo o maligno é uma ação contínua e presente. E ela parece
está sendo possível porque os pais (geração que antecede) também foram resistentes,
permanecendo na palavra do Pai (Deus) e do seu Filho, Jesus a quem conheceram e
na qual permanecem.
Parece que o texto
da Carta de Joao vai na contramão da canção de Elis Regina: “Minha dor é
perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos ainda somos os mesmos e
vivemos como os nossos pais”. A canção da Elis é uma denúncia para toda uma geração
que se dizia transformadora e revolucionária, uma juventude grávida de um novo mundo,
mas que não foram suficientemente fortes e resistentes ante ao “capital” (vil
metal): “Hoje eu sei que quem me deu a ideia de uma nova consciência e
juventude tá em casa guardado por Deus contando o vil metal”.
A exortação para
nós é que sejamos todos e todas comunidade, família e juventudes resistentes e
fortes. Que possamos ir vencendo e resistindo juntos aos “ídolos” de nossa
geração e aos “Malignos” projetos de alienação e morte que ronda a vida da
nossa juventude e a nossa também. E assim, possamos servir de inspiração e
exemplo para as gerações vindouras de fé, resistência e amor.
Odja Barros.