04/05/2018

Pastoral Domingo 06/05/2018


FAMÍLIA: “UM PEQUENO MUNDO”

Frei Carlos Mesters certa vez escreveu: “Quem não cuida da casa e deixa o cupim entrar nas vigas do teto, não pode se queixar do carpinteiro quando a tempestade derruba o telhado”. Ele escreve se referindo ao povo de Israel na época do cativeiro babilônico quando o povo se queixava de Deus por ele os ter abandonado. Mas, segundo ele a realidade era outra: “O cupim tinha entrado na viga da fé. A casa desabou. E agora queriam colocar a culpa em Deus pelos males que estavam sofrendo.
Essa reflexão é bem apropriada para pensarmos sobre o papel da família no projeto de Deus. A casa, a família, o clã, família ampliada e a comunidade foram os espaços escolhidos por Deus para se revelar a humanidade.  Foi a partir dos pequenos espaços familiares e comunitários que Deus sonhou um novo mundo e uma nova criação. O chamado feito a primeira família é um exemplo disso:
“Então o Senhor disse a Abrão: "Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados". (Gênesis 12:1-3)
Outro exemplo está na experiência do cativeiro. A experiência do cativeiro foi tempo de perdas e reconstrução. Perdeu-se tudo aquilo no que tinham colocado a confiança: terra, exército, templo, sacerdócio, prestígio e poder. No cativeiro sobrou o pai, a mãe, o marido, a esposa, os filhos e filhas, o mundo pequeno da família, a “casa”. Foi exatamente neste espaço, onde o povo redescobriu a presença de Deus que não estava ligada ao templo, ao sacerdócio e ao culto oficial. Foi no espaço enfraquecido da casa, do mundo pequeno e limitado da família que tudo renasceu e continua renascendo até hoje:
 “Tu és o nosso Pai! Ainda que Abraão não nos conhecesse e Israel não tomasse conhecimento de nós, tu, Javé, é nosso pai, nosso redentor. (...) Por acaso, uma mulher se esquecerá da sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela dos filhos do seu ventre? (Isaías 63:16 e 49:15)
Todas as famílias passam por tempos de exílio, cativeiro e sofrimentos tal qual a experiência do povo de Israel. Às vezes, estes momentos podem ser momentos oportunos para reconstrução e um novo olhar para Deus e para si mesmo como povo e como família. Para nós, povo de fé que cremos no cuidado da vida e do mundo como um chamado e uma missão, não podemos negligenciar o cuidado familiar. A casa, a família é o pequeno mundo que está sob o nosso cuidado. O pequeno mundo da família pode ser o espaço a partir de onde Deus quer construir novos mundos. Neste mês dedicado a família convidamos toda comunidade a revisarmos as vigas das nossas casas e junt@s nos perguntarmos:  Como temos cuidado do pequeno mundo que Deus colocou sob nosso cuidado?


Prª. Odja Barros