MASCULINIDADE,
AFETIVIDADE E A IMPORTÂNCIA DE GRUPOS REFLEXIVOS PARA HOMENS
Homens precisam
falar. É essa a constatação que esse texto busca passar.
E eu sei, homens
falam. Desde sempre. Falam sobre tudo. O privilégio de gênero nos dá essa
oportunidade, principalmente a homens brancos. Mas precisamos falar sobre nós e entre nós. Sobre
emoções, medos, fraquezas e atitudes erradas. Principalmente atitudes erradas.
O debate sobre
masculinidades, cada vez mais em pauta, trouxe aos homens (seja branco, negro,
hétero, gay, cis, trans) a possibilidade de revelar seus medos, inseguranças, questionamentos
e propostas sobre novas maneiras de “ser homem” e as múltiplas possibilidades
de exercer, de forma saudável, essas masculinidades. Toda construção tóxica do
que se entende como ser um “homem de verdade” envolve, além de inúmeras outras
questões, não falar sobre seus sentimentos.
Há inúmeras
pesquisas que comprovam que homens são os principais atores da violência: os
que mais cometem, os que mais sofrem e os que mais praticam o ato contra si
próprios. E em contrapartida, os que menos procuram ajuda psicológica, os que
menos fazem terapia. Tudo isso fruto, mais uma vez, de uma construção de masculinidade
ruim que, de certa forma, nos impõe que buscar ajuda e reconhecer que não
consegue lidar com algumas coisas sozinho, nos torna menos homem.
Qualquer mudança
social que se queira em relação ao que entendemos como um exercício saudável de
masculinidades precisa passar, primeiramente, pela comunicação, pelo diálogo e
pela construção espaços saudáveis pra isso. Há uma série de barreiras sociais,
culturais e históricas que impedem ou inibem que homens falem sobre aquilo que
os aflinge, numa busca impossível por uma “masculinidade perfeita”. Busca essa
que traz consequências negativas para todos, principalmente mulheres, que
acabam recebendo boa parte dessa violência. A própria Lei Maria da Penha propõe,
além do suporte emocional para as mulheres vítimas de violência doméstica,
grupos reflexivos de gênero para homens, afim de reduzir (e tendo êxito) os
índices de reincidência dessa violência.
Mais do que nunca,
essas iniciativas precisam partir de homens. Um exercício honesto de
autocrítica sobre a maneira que estamos exercendo nossa masculinidade desde que
nascemos. Um exercício de busca por humanizar nossas relações sociais, nossos
corpos e nossas emoções, e de que maneiras estamos colocando isso no mundo.
Quebrar todas as barreiras que impedem de nos comunicar.
Homens, precisamos
falar.
Texto de Caio César – texto completo disponível
em:
https://medium.com/@geocaio/masculinidade-afetividade-e-aimport%C3%A2ncia-de-grupos-reflexivos-para-homens-2722af98b0f8