A prioridade de salvar a Vida no planeta
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Reflexões
por Marcelo Barros*
Durante essa
semana, em torno ao 05 de junho, que a ONU consagra como “dia internacional do
ambiente”, no mundo inteiro, se promovem discussões e eventos sobre a urgência
de um maior cuidado com a Terra e a proteção da vida no planeta.
“Cinco
relatórios publicados em março pela Plataforma Intergovernamental
Científico-Política sobre a Biodiversidade e os Serviços Ecossistêmicos (IPBES)
confirmam: a situação atual é alarmante e exige uma resposta urgente dos
governos e da sociedade civil internacional. A diminuição da água doce em todo
o planeta é visível e muito grave. O aquecimento global afeta a fertilidade da
terra e a própria vida marinha em todos os oceanos. Os venenos usados na
agricultura estão provocando a extinção de diversas espécies de abelhas. Além
disso, impedem a polinização de muitas espécies vegetais” (Cf. Revista
Internazionale, n. 1249, abril 2018, p. 15).
Na década
passada, a Global Food Print Network e outras entidades científicas que seguem
a situação de saúde do Planeta haviam falado do Earth Overshoot Day. Esse seria
o dia em que os limites de sustentabilidade da Terra seriam ultrapassados e o
equilíbrio da vida no planeta, totalmente ameaçado. Infelizmente, os dados
revelam que já há dez anos, exatamente no dia 23 de setembro de 2008, a Terra
superou em 30% sua capacidade de reposição dos recursos necessários para as
demandas humanas. No momento atual, para atender às necessidades da humanidade,
precisaríamos de mais de uma Terra. Garantir ainda o que resta dessa
sustentabilidade da Terra é a premissa indispensável para resolver os outros
aspectos da crise: social, alimentar, energética, econômica, cultural.
Infelizmente,
governos e instituições internacionais continuam insistindo no modelo
capitalista depredador. A cada ano, os governos destinam somas imensas para
armamentos e guerras. O Banco Mundial faz qualquer coisa para salvar bancos e
multinacionais irresponsáveis que perderam dinheiro no cassino financeiro da
imprevisibilidade. Já há quase dez anos, a imprensa denunciava: “Esse dinheiro
do povo, dado aos ricos, “é um valor 40 vezes maior do que os recursos
destinados a combater as mudanças climáticas no mundo e a pobreza” (Le Monde
Diplomatique Brasil, maio de 2009, p. 3).
Para quem vive
a busca espiritual, o cuidado amoroso com a Mãe Terra, com a água e com todo
ser vivo fazem parte do testemunho que Deus é amor, está presente e atuante no
universo. Apesar de todas as agressões e crimes cometidos contra o Planeta,
ainda podemos salvá-lo. Em 2003, a UNESCO assumiu a “Carta da Terra”, como
instrumento educativo e referência ética para o desenvolvimento sustentável.
Participaram ativamente de sua concepção humanistas e pensadores do mundo inteiro.
É preciso que a ONU assuma e ponha em prática esse documento que qualquer
pessoa pode ler e comentar na internet (basta consultar: “carta da terra”). É o
esboço de uma “declaração dos direitos da Terra e da vida” e todos nós
precisamos defendê-los.
Na encíclica
sobre o cuidado com a Terra, nossa casa comum, o Papa Francisco propõe uma
aliança de toda a humanidade para cuidar mais e melhor da Terra. Ali, ele
afirma que as religiões e tradições espirituais devem se unir para fortalecer
essa aliança de todos pela vida. Em cada tradição espiritual, precisamos
explicitar e desenvolver o mais profundamente possível uma verdadeira veneração
pela Terra, pela Água e por todos os seres vivos, como sacrários ou ainda
ícones vivos do Espírito Divino. Como diz uma oração que os cristãos das
Igrejas mais antigas cantam em cada celebração eucarística: “Os céus e a terra
estão cheios da tua glória, ou seja, da tua presença amorosa”.