CUIDAR
DA CASA COMO FORMA DE RESISTÊNCIA
Neemias
10:39
O doutor em Sociologia pela Universidade Paris VII e professor na
Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Ciências Humanas Marc Bloch,
de Estrasburgo, o pensador francês David Le Breton (Le Mans, 1953) encarna
como poucos de seus contemporâneos a melhor tradição intelectual de seu país.
Na Espanha, publicou com êxito livros como El silencio,
Elogio del caminar e Desaparecer de sí: una tentación contemporánea, com os
quais aposta em formas concretas de resistência diante da desumanização do
presente. Dr. Le Breton é autor de uma celebre frase que chamou muito minha
atenção estes dias nas redes sociais: “Ficar em silêncio e caminhar são hoje em
dia duas formas de resistência política”.
Dr. Le Breton ainda assevera: “Boa
parte da nossa relação com o ruído procede do desenvolvimento
tecnológico, especialmente em seu caráter mais portátil: sempre carregamos sobre
nós dispositivos que nos recordam que estamos conectados, que nos avisam quando
recebemos uma mensagem, que organizam os nossos horários com base no ruído.
Esta circunstância veio incorporar-se às que já haviam tomado forma no século
XX como hábitos contrários ao silêncio, especialmente nas grandes cidades,
governadas pelo tráfego de veículos e por numerosas variedades de contaminação
acústica. Neste contexto, o silêncio implica uma forma de resistência, uma
maneira de manter a salvo uma dimensão interior frente às agressões externas. O
silêncio permite-nos ser conscientes da conexão que mantemos com esse espaço
interior, o silêncio a visibiliza, enquanto o ruído a esconde. Outra maneira de
nos conectarmos com o nosso interior é o caminhar, que transcorre no mesmo
silêncio. O maior problema, provavelmente, é que a comunicação eliminou os
mecanismos próprios da conversação e se tornou altamente utilitarista com base
nos dispositivos
portáteis. E a pressão psicológica que suportamos para os armazenarmos é enorme (http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/572949-ficar-em-silencio-e-caminhar-sao-hoje-em-dia-duas-formas-de-resistencia-politica).
O tema da nossa campanha
missionária 2018, segue uma ideia “simples” e desafiadora a exemplo da “aparente
e simples frase” do Dr. Le Bronte. Queremos mudar o mundo, impactar a
sociedade, salga e iluminar nossa cidade, cuidando primeiro da própria CASA. O
desafio da campanha missionária deste ano segue exatamente uma fórmula bem
objetiva: Não podemos continuar avançando sem parar para mergulhar dentro da
nossa própria casa e procurar organizar as coisas.
A temática é inspirada nas palavras
de Neemias, quando convocando o povo e seus líderes para reconstruir a cidade
que se encontrava em ruínas, anuncia: “Não negligenciaremos a casa do nosso
Deus” (Neemias 10:39). Precisamos cuidar desta casa, onde muitxs de nós temos
sido curadxs, abençoadxs e restauradxs. Precisamos cuidar desta casa, pois,
daqui dependem outras casas à exemplo de: Jacaré dos Homens, Alto da Madeira,
Palestina, Alegria, Japaratinga e Chã Preta. Se tivermos saúde financeira,
administrativa, organizacional, espiritual e relacional, poderemos cumprir a
missão que Deus nos confiou, visando glorificá-lo e exaltá-lo por tudo.
Que de uma forma aparentemente
“simples”, como propõe o Dr. Le Bronte, caminhar e silenciar como forma de
resistência política, possamos sem muita invenção e stress, juntxs de mãos e
corações irmanadxs, cuidar da nossa querida CASA chamada Família Batista do
Pinheiro.
Que a Divina Ruah derrame gotas dos
céus (como diria a pastora Lilian Guarani-Kaiowá) sobre à vida de cada um e
cada uma que ama e acredita no projeto de vida, justiça e evangelho que
anunciamos a partir deste lugar que chamamos IBP.
Do seu pastor e amigo,