08/09/2018

Boletim Dominical 09/09/2018


NOSSA MISSÃO COMEÇA EM CASA ATRAVÉS DA PRESERVAÇÃO DA NOSSA HISTÓRIA
“Meu Povo foi destruído por falta de conhecimento” - Oséias 4:6

                Nesta reflexão, quero pensar em nosso país como nossa Casa. Lamentavelmente, não posso deixar de escrever algo que nos faça pensar um pouco acerca da tragédia que foi assistir ao Museu Nacional no RJ com 200 anos de fundação e um acervo estimado em 22 milhões de itens que retratam a nossa história e a história da humanidade, pegar fogo em plena semana da pátria.
                O fogo que queimou e destruiu em horas o Museu é o mesmo “fogo” que tem consumido nossa decência enquanto nação, escolas, hospitais, empregos, economia, relações familiares com toda sua diversidade e pluralidade, justiça, solidariedade (veja a violência praticada contra os Venezuelanos em Pacaraíma - RR) e tantos outros valores essenciais à vida. O “fogo” da avareza, acumulo, poder e egoísmo destrói e consome tudo que vê pela frente.
                Alguns haverão de dizer: “Já queimou, destruiu, acabou. O que podemos fazer agora?” Outros ainda como alguns ditos evangélicos, afirmam que foi Deus quem queimou o museu para apagar a história de corrupção e idolatria do passado da nossa história e assim reescrever uma nova história daqui para frente. Trágica e patética estas afirmações, como quaisquer outras que não consigam dimensionar o valor da preservação das memórias para o desenvolvimento do ser humano enquanto espécie criada por Deus de forma tão amorosa nesta terra.
                Na verdade, o pouco valor dado a preservação da história e das nossas memórias reflete bem a visão empobrecida da nossa geração. Valorizamos aparelhos tecnológicos, redes sociais e no campo das discussões político-eleitorais, valorizamos mais armamentos bélicos que trarão “segurança” em vez de investimentos maciços em educação, esporte, lazer, saúde, emprego e dignidade humana. Assistimos o “fogo” destruir nosso sentimento de povo civilizado, desejando com sangue no olho que um ‘super’ qualquer coisa estabeleça a “ordem”, nem que seja ao som dos famosos “paus-de-arara”, usados nos porões da tortura durante a ditadura militar.
                O fogo que queimou o Museu é o mesmo “fogo” que queima nossa visão do que é essencial para vivermos felizes. Queima a concepção de tolerância, respeito a diversidade, pluralidade, cidadania, amor ao próximo, partilha e generosidade. Queima o sentimento de coletividade para colocar em um pedestal o Eu em primeiro lugar.
                O profeta Oséias brada:  “Meu Povo foi destruído por falta de conhecimento”. Faltava conhecimento de Deus e, consequentemente, conhecimento da sua visão de justiça, paz e vida para todos e todas (Oséias 4:1-6). Favor não confundir necessidade de conhecimento de Deus com crescimento religioso (Amós 5:1-24). Perder um museu de forma tão irresponsável, demonstra o quanto estamos nos perdendo enquanto nação e povo. Não estamos preservando nossa história, nossos idosos e idosas, crianças e juventude. Por favor, lembremo-nos que quem queima estas vidas não são apenas as armas de fogo nas mãos dos marginais, nós também ajudamos a queimá-las quando assumimos uma vida egoísta e insensível frente ao sofrimento humano.
                Que através da preservação mínima da nossa história e memórias enquanto nação, povo, Estado, igreja e famílias, possamos manter viva a chama que queima a ignorância, pobreza, avareza, corrupção em todos os níveis, violência e falta de amor a Deus e ao próximo. Não perdemos apenas um Museu e fósseis que ajudam a explicar nossa existência nesta terra criada por Deus, perdemos um pedaço grande do nosso corpo enquanto povo brasileiro. Investir e cuidar da nossa história demonstra o real valor que damos à vida e as gerações futuras.

Do seu pastor e amigo,
Wellington Santos