FOMOS ELEITOS PARA ELEGER
Marcos Monteiro
Neste dia de eleição, como Igreja Batista do
Pinheiro, misturei dois textos, I Pedro 2:9,
onde somos descritos como povo eleito, chamados das trevas para a luz, e Mateus
5:13-16, em que somos chamados por Jesus para
ser sal da terra e luz do mundo, e fiquei pensando que fomos eleitos por três
votos, o do Grande Eleitor, o do Carpinteiro de Nazaré e o da Divina Ruah, para
iluminar e salgar o mundo, começando por Maceió.
Pensei que as primeiras comunidades de Jesus, eleitas
como nós, não podiam eleger o imperador nem o senado romano, mas receberam a
tarefa de iluminar e de salgar o mundo do império, estabelecendo-se como grupos
de uma economia, uma política e uma vivência diferentes, provocando através de
sua contracultura reações diversas, incluindo perseguições.
Na atual sociedade, acrescentamos à responsabilidade
da vivência a incumbência da eleição de deputados, senadores e do presidente da
nação, e fazemos isso diante da tarefa para a qual fomos eleitos, sendo sal e
luz. Lembrei de Pedro e outros pescadores salgando o seu peixe para melhor
conservar e dar sabor, e considerei que salgar significa dar vida e sabor a
quem mais precisa destes itens. Também imaginei as aldeãs de Nazaré, levando as
suas tochas para caminhar com mais claridade, e pensei que elucidar propostas e
caminhos, seria a nossa responsabilidade de eleitores eleitos por Deus, por
Jesus e pela Ruah.
Pessoalmente, tenho problemas com candidatos que
falam muito em Deus, porque o Êxodo diz que não se deve tomar o nome dEle em
vão, ou que se dizem escolhidos por Ele, porque me parece que a eleição dEle é
para coletividades e comunidades. Se Deus vota em algum candidato eu não sei,
até porque o voto é secreto, e não conheço o cartório em que registrou a
procuração para alguém falar em Seu nome.
Desse modo, vou tentar votar em candidatos que, nesse
nosso imperialismo moderno, votem o mais próximo dos compromissos com milhões
de pessoas necessitadas de mais vida e sabor, e vou exercer a minha lucidez para
não ser manipulado por discursos interesseiros. No âmbito interno, a nossa
igreja deve aprender a viver cada vez mais a economia da solidariedade, a
política da igualdade e a cultura da celebração do amor.
Ser Igreja Batista do Pinheiro é ser comunidade de
muitos endereços. Lugar de celebração, de formação e de liturgias, na Rua
Miguel Palmeira, e lugar espalhado por todos os lugares em que os seus membros
vivem ou se movimentam. Sal e luz se esparramando, vida e capacidade de
discernimento, evangelho que é anúncio e denúncia, vivência que deseja para a
cidade e para o mundo a política da igualdade, a economia da solidariedade e a
cultura da celebração do amor.
Desse modo, como comunidade eleita pelo Grande
Eleitor, pelo Carpinteiro de Nazaré e pela Divina Ruah, vamos eleger deputados,
senadores e o presidente de nosso Brasil, com muita oração e esperança.