SOMOS COMUNIDADE DO EMANUEL, DEUS CONOSCO
“A Jovem se
encontra grávida e terá um filho cujo nome será Deus conosco”
Encerrado o
período da campanha presidencial, onde o nome de Deus e da fé estiveram tão em
evidência, seja qual for o resultado das urnas no dia de hoje, devemos como
povo chamado cristão, fazer algumas perguntas: “Qual Deus e quais crenças expressamos
nessa campanha? Qual Deus revelamos através da nossa atuação como eleitor e
eleitora cristão e cristã? Estivemos grávidos e grávidas de que fé e de que
crenças nesta campanha eleitoral? Que Deus e que crenças parimos com o nosso
voto?
Toda eleição
começa como uma gravidez. A gravidez de um projeto político para o País. Como o
voto expressamos “o filho” (projeto de País) que queremos que nasça para todos os
cidadãos brasileiros e cidadãs brasileiras. Não apenas os candidatos e
candidatas, partidos, mas cada eleitor e eleitora está ou é engravidado por um
projeto que não deveria ser para si mesmo, mas para toda uma nação.
O texto acima
citado é de Mateus 1:23: “A Jovem se encontra grávida e terá um filho cujo nome
será Deus conosco”. O nome Emanuel é de origem hebraica formada de duas palavras:
“EL (Deus) + “Immanu (Conosco) = Deus conosco!
(Isaías 7:14 e 8:8 e Mateus 1:23). Diferente, de um Deus acima de todos, o
Emanuel é Deus-conosco! Deus que se fez gente e habitou entre nós, no meio de
nós (João 1:14). Emanuel é o Deus que renunciou todos os privilégios divinos,
esvaziou-se e baixou na condição de “servo” (Filipenses 2). Emanuel não é o Deus
que sobe, mas que desce em favor do povo:
“Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e
tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas
dores. Portanto desci para livrá-lo” (Êxodo 3:7, 8). Bendita gestação! Bendito
fruto do ventre de Maria! Dela nasceu Jesus, o projeto de Deus de amor para
toda humanidade!
Irmãos
e Irmãs, o meu convite nesta manhã, é que façamos um exame de nossa fé e de
nossas crenças. Não sabemos o que virá, mas devemos desde já perguntar diante
de Deus, o que essa campanha revelou sobre mim e sobre você, enquanto cristã/cristão?
Que sentimentos nos moveram nesta campanha? Que compromissos ou preconceitos expressamos
com o nosso voto? Que tipo de conteúdo
permitimos entrar e reproduzir em nossas redes sociais como um cristão/cristã?
Enfim, que “filho” nós parimos nestas eleições com nosso voto?
Somos
comunidades do Emanuel, Deus conosco e isso deve se expressar em nossa atitude
como cidadãos e cidadãs. Não podemos jamais, a despeito das nossas diferenças
negar a base da nossa fé que está em João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de
tal maneira que deu seu filho (O Emanuel) para que todo aquele/aquela que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O amor é a base da fé cristã.
Portanto, que o amor seja o critério da nossa cidadania diária, não apenas na
campanha, mas na vida e no voto!
Concluo com as
palavras do Oscar Romero, bispo salvadorenho que lutou a causa da justiça e dos
pobres oprimidos pela ditadura salvadorenha e que teve sua voz silenciada por
um tiro certeiro enquanto celebrava a missa em 24 de março de 1980. Dizia o
santo Oscar Romero: “Uma religião de missa dominical e de semanas injustas não
agrada ao Deus da vida. Uma religião de muita oração/reza, mas de hipocrisia no
coração, não é cristã”. E ainda dizia: “O cristão/A cristã, se não viver o
compromisso de solidariedade com o pobre, não é digno de chamar-se cristão/cristã.
Uma Igreja que não se une aos pobres para denunciar, a partir deles, as
injustiças que se cometem contra eles, não é a verdadeira Igreja de Jesus
Cristo”.