ABBA PAI
“E dizia: Abba, Pai! Para ti tudo é possível. Afasta de mim
este cálice. Porém, não o que eu quero, mas o que tu queres”. (Marcos 14:36)
Todo
segundo domingo do mês de agosto, em nosso país, é comemorado o dia dos pais.
Esta comemoração não se compara nem de perto com apelo emocional e as
comemorações do dia das mães, entretanto, isto não é culpa exclusiva dos
marqueteiros de plantão. Sem querer provocar as feridas, mas é sempre
importante lembrar que muitos filhos e filhas não possuem boas lembranças e
memórias com a figura paterna.
Quando
falamos de lutar contra o patriarcado e machismo em nosso meio, não estamos
falando de algo distante e teórico, estamos falando de algo concreto, e de
proporcionar livramento para homens e mulheres deste comportamento cultural que
acabou gerando, e ainda gera, muita dor e feridas em nossos ambientes
familiares (abandono, violência doméstica, abuso e etc.). Irônico destacar que
os mesmos homens que geralmente produzem o sofrimento, também foram vítimas deste
mesmo sofrimento. Precisamos apregoar liberdade plena para todos e todas!
Jesus
ao se encontrar no momento mais tenso da sua vida e ministério (Getsêmani), ele
usa uma palavra aramaica, exclusiva do evangelho de Marcos, carregada de afeto
para se dirigir a Deus (Abba, que pode significar paizinho). Imagine
comigo a linda relação de amor e confiança deste “filho” com seu “Pai”. Jesus
pede algo carinhosamente e não é atendido, entretanto, seu amor e obediência ao
Pai não se alteram. Qual o segredo disto? Para mim um pai amoroso e afetivo
(Lucas 15:11-32) será sempre amado, respeitado e seguido pelos seus filhos.
Meu
desejo como pai neste dia, inspirado em Jesus que chamou Deus de Abba e
em Deus que inspirou com seu amor e afeto por Jesus ser chamado de Abba por seu
filho, poder tornar-me uma referência de amor, afeto e carinho para com minhas
filhas e todos(as) “filhos(as)” que Deus me confiar. Chega de grosseria,
violência, insensibilidade, traição, abuso, maus-tratos, indiferença e tantos
outros comportamentos tóxicos produzidos por uma cultura machista e patriarcal
que atinge com maior força a nós homens. Que possamos ser Abba para
nossos(as) filhos(as) a exemplo do nosso Deus. Afinal de contas, não devemos
tomar por meta os maus exemplos que tivemos e sim nos mirarmos no exemplo maior
do nosso Deus e de muitos homens que, esforçando-se, estão conseguindo romper
as correntes da violência e da falta de afeto e amor em seus lares.
Concluo
esta singela reflexão registrando uma pequena homenagem a uma figura simples,
franzina e profundamente afetiva e amorosa que tenho tido a honra de conhecer
mais de perto chamada Luiz. Ele vive num sítio de Taquarana e com sua amada
Lourdes perfuma a todos e todas que se aproximam com abraços, lágrimas e
beijos. Este ancião é um exemplo de Abba em nosso meio. Aleluia!!!
Do seu
pastor e amigo,
Wellington
Santos