01/11/2019

Boletim Dominical 03/11/2019

IGREJA REFORMADA, SEMPRE REFORMANDO-SE: O QUE AINDA É PRECISO REFORMAR NA IGREJA?

31 de outubro de 1517, foi a data em que, presumivelmente, Martinho Lutero pregou suas 95 teses sobre indulgências na porta da igreja de Wittenberg-Alemanha. Esse ato é considerado ponto de partida da Reforma Protestante. As 95 teses marcam o evento denominado Reforma Protestante. Sabemos que a Reforma Protestante foi resultado de uma confluência de muitos movimentos políticos, sociais e religiosos que a antecederam e a sucederam e que nela celebra-se.  No entanto, não podemos deixar de reconhecer que o ato de protesto das 95 teses, protagonizado por Lutero, abriu espaço para fomentar e visibilizar outros grupos que aspiravam e lutavam por “Outra Igreja possível”. Grupos que até então não se fazia notar, até porque na sua maioria eram compostos de camponeses e camponesas, artesãos e artesãs, cuja representação política e religiosa era mínima.
502 anos depois, existe razão para continuar celebrando a Reforma Protestante?  Se olharmos para a Reforma como a memória de um grito da Igreja do século XVI, que exigia uma resposta do cristianismo institucional aos desafios eclesiais e sociais, principalmente, um grito contra corrupção generalizada que ocorreu dentro da Igreja, aliada aos poderes do Estado, sim, devemos celebrar! Mas, celebrar como memória crítica, de inconformação, protesto e grito que ecoou para dentro da própria Igreja. Uma Reforma de baixo para cima, disposta a romper os laços do modelo de cristandade em que estavam unidos Igreja e Estado e os interesses de uma elite política e religiosa.
No cenário atual da Igreja evangélica brasileira, cada vez mais aliada aos poderes do Estado, corrompida e articulada com as forças de um fundamentalismo religioso e intolerante, a memória da Reforma pode reavivar o grito e o potencial crítico que o Crucificado e o Ressuscitado têm de questionar, não apenas a sociedade de nosso tempo, mas - acima de tudo – questionar a própria Igreja. 
Concluo essa reflexão me perguntando: quais seriam as novas teses que precisaríamos pregar hoje na porta das igrejas?  O que ainda é preciso reformar na Igreja?
Soli Deo Gloria.

Pastora Odja Barros.