IGREJA
REFORMADA, SEMPRE REFORMANDO-SE: O QUE AINDA É PRECISO REFORMAR NA IGREJA?
31 de outubro de 1517, foi a data em que,
presumivelmente, Martinho Lutero pregou suas 95 teses sobre indulgências na
porta da igreja de Wittenberg-Alemanha. Esse ato é considerado ponto de partida
da Reforma Protestante. As 95 teses marcam o evento denominado Reforma
Protestante. Sabemos que a Reforma Protestante foi resultado de uma confluência
de muitos movimentos políticos, sociais e religiosos que a antecederam e a sucederam
e que nela celebra-se. No entanto, não
podemos deixar de reconhecer que o ato de protesto das 95 teses, protagonizado
por Lutero, abriu espaço para fomentar e visibilizar outros grupos que
aspiravam e lutavam por “Outra Igreja possível”. Grupos que até então não se
fazia notar, até porque na sua maioria eram compostos de camponeses e camponesas,
artesãos e artesãs, cuja representação política e religiosa era mínima.
502 anos depois, existe razão para continuar
celebrando a Reforma Protestante? Se
olharmos para a Reforma como a memória de um grito da Igreja do século XVI, que
exigia uma resposta do cristianismo institucional aos desafios eclesiais e
sociais, principalmente, um grito contra corrupção generalizada que ocorreu
dentro da Igreja, aliada aos poderes do Estado, sim, devemos celebrar! Mas,
celebrar como memória crítica, de inconformação, protesto e grito que ecoou
para dentro da própria Igreja. Uma Reforma de baixo para cima, disposta a
romper os laços do modelo de cristandade em que estavam unidos Igreja e Estado
e os interesses de uma elite política e religiosa.
No cenário atual da Igreja evangélica brasileira,
cada vez mais aliada aos poderes do Estado, corrompida e articulada com as forças
de um fundamentalismo religioso e intolerante, a memória da Reforma pode
reavivar o grito e o potencial crítico que o Crucificado e o Ressuscitado têm
de questionar, não apenas a sociedade de nosso tempo, mas - acima de tudo –
questionar a própria Igreja.
Concluo essa reflexão me perguntando: quais
seriam as novas teses que precisaríamos pregar hoje na porta das igrejas? O que ainda é preciso reformar na Igreja?
Soli Deo Gloria.
Pastora Odja Barros.