NATAL
DA RESISTÊNCIA E DO AMOR
“O
nascimento de Jesus Cristo foi assim...” Mateus 1:18a
“O
nascimento de Jesus Cristo foi assim...” (Mateus 1:18a). O Evangelho de Mateus
introduz a narrativa do nascimento de Jesus com essa expressão e segue,
descrevendo a cena do nascimento de Jesus Cristo. Uma cena que é relembrada e
celebrada a cada ano, e cada natal, há mais de dois mil anos por toda
cristandade. Uma cena que nos remete à
situação presente no nosso País e no mundo: milhões e milhões de pobres, muitos
famintos, crianças que já nascem ameaçadas pelas ordens dos poderes da morte,
famílias migrantes que não recebem acolhida.
A cena do Natal remete à origem pobre e humilde de Jesus Cristo, nosso
Salvador. O Filho de Deus não quis
nascer num palácio com tudo o que lhe pertenceria em pompa e glória. Não quis
nascer em um templo com seus ritos, incensos, velas acesas e cânticos. Sequer
buscou uma casa minimamente decente. Nasceu lá onde comem os animais, numa
manjedoura em uma família pobre e trabalhadora, a caminho de um recenseamento
imposto pelo imperador romano.
Ao escolher nascer nesta origem e condição
pobre e humilde, o Filho de Deus quis passar a mensagem mais importante do
Natal: Quem está longe das pessoas empobrecidas e excluídas, mesmo cristãos e
cristãs mais piedosos(as), está longe do Emanuel, Deus conosco. Quem celebra o
Natal de olhos e coração fechados para o sofrimento dos mais vulneráveis e
empobrecidos não viverá a verdadeira alegria do Deus Conosco. Cabe sempre
recordar a palavra que diz: “O que fizer ou deixar de fazer a estes meus irmãos
e irmãs mais pequenos: os famintos, os sedentos, os encarcerados e os nus, foi
a mim que o fez ou deixou de fazer” (Mt 25:40).
O Natal deveria trazer às comunidades cristãs
uma dupla recordação: Primeiro, a alegre
recordação da escolha amorosa revelada no Emanuel, Deus conosco nascido,
humildemente, em Nazaré da Galiléia e, segundo, a recordação do nosso
compromisso de amor e solidariedade com aqueles e aquelas com quem, Deus, quis
se identificar ao nascer entre os pobres e pequeninos. No entanto, o Natal
tornou-se a festa da contradição e da superficialidade que denuncia uma fé e
espiritualidade cristã vivida sem amor, sem compaixão e sem solidariedade. Que
para nós, comunidade IBP, o tempo natalino, seja tempo de conversão e
fidelidade às origens pobre e humilde do Natal da criança salvadora que nasceu
em Belém de Nazaré, um natal de resistência e amor!
Pra. Odja Barros